terça-feira, 18 de setembro de 2012
Poesia - Vitória Vasconcelos
A poesia é , da minha pequena alma, as asas
Com ela, minha mente está em pleno voo
Não são asas de cera, nem asas de água
São asas de carne, plumas e da vida, o sopro
Paupérrima é a cabeça daqueles alineados
Que sem a poesia, vêem um mundo bruto e duro
A poesia expande meus olhos, num abraço
Ela é singela, um elógio e um insulto
Poeta não sou, e de poeta, não tenho nada
Nem boca, nem nariz, nem pâncreas
Nem pulmões, rim, língua e garganta
Somente minha pequena e desnutrida alma
Da família, deserdada; da lei, perseguida
Da escola, a suspensa; da rua, atropelada
Dos pensamentos, insana; da lingua, ferina
De isolada, depressiva; de fome, enfraquecida
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Amar - Vitória Vasconcelos
De que vale o dinheiro e a riqueza
Fama, sucesso, carros e glamour?
De que vale mansões, brasão e nobreza
Se em teu ser, não abrigares o amor?
Que vida fútil e banal, eu teria
Seria como caminhante sem estradas
Seria com um palhaço sem alegria
Seria como um músico sem guitarra
Amar, esta é a minha grande vocação
Viver intensamente, no amor, abandonada
Semeiar a fraternidade, a paz e a gratidão
E do amor, está cegamente enamorada
Amor, razão das maiores loucuras
A terrível algoz de Romeu e Julieta
Razão de Francisco amar as criaturas
É a forte coluna que os sonhos sustenta
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Morte - Vitória Vasconcelos
Vem, ó morte, vem de encontro aos meus braços
Vem correndo e ligeira bater em minha porta
Beijar minha boca e esconder-me no teu abraço.
E carregar-me e levar-me nua e já morta.
Chegas bailando e rodopiando uma canção francesa
Me fita com olhos devoradores e bastante vivos
Oferece-me uma xicara de café numa mesa
Teu sorriso irônico é o ponto onde mais fito
Vestindo retalhos vermelhos, faz-me adormecer
Me ver a dormir com olhos amorosos e fatigados
Canta uma canção de ninar até o amanhecer
Aonde acordarei nova, disposta e sem cansaços
Correremos na matina até alcançar o céu
Que se localiza logo ali no horizonte
Beberemos o vinho tinto misturado ao fel
E com pão, matarei e saciarei a fome
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Louca - Vitória Vasconcelos
Sou aquela que estou voando enquanto vocês andam
Eu que cruzo os braços durante saudação nazista
Diferente de vocês, olho para luz que da fonte emana
Que em meio ao caos, conservo-me um tanto otimista
Sou como fonte de água que jorra e transborda
Não como uma bacia d'água, parada e paralítica
Não procuro ser normal, isto muito me incomoda
Quero ser louca e viver intensamente esta curta vida
Não me importo com comentários e as zombarias
Pobres infelizes são eles que, alienados, são vazios
Sou a louca que na rua, ao violão, canto às 2 da matina
Sempre novo e transformado, quero ser como um rio
Sou aquela que num salão vazio, baila sozinha
Rodopio, cantarolo, giro meu corpo rumo à liberdade
Escutando Mutantes, voou livre e colorida
Fugindo incessantemente dos padrões da normalidade
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Vida - Vitória Vasconcelos
Viver... como sabê-la, sem arriscar?
Ela é um momento que passa correndo em segundos
É passageira, um pequeno extâse que logo despertamos
Tão rápida como um mergulho na imensidão do mar
Quão preciosa é esses segundos de vida
E a gastamos com coisas superflúas e desnecessárias
Vivemos aprisionados no nosso mundo tão egóista
Viver é dar-se ao outro, esquecer-se de si
Viver é simples, complexo é compreendê-la
Vale a pena cada lágrima derramada
Cada sorriso, cada sofrimento, cada sacrificio
Pois ao fim, vem a moral da história
Vivamos intensamente cada minuto
A vida é breve e a morte, imprevisível
O que é viver, senão correr para os braços da morte?
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Canto Para A Minha Morte - Raul Seixas
Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã? Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas...
Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
quarta-feira, 28 de março de 2012
Conversa de Botas Batidas
Essa canção é uma das minhas favoritas dos Los Hermanos, a letra e a melodia são de uma beleza incrível. Mas, o que é de mais belo e apaixonante nessa canção é que a letra, composta por Marcelo Camelo, é baseada numa história real acontecida no Rio de Janeiro simplesmente emocionante.
A história é o seguinte:
Em 25 de setembro de 2002 aconteceu no centro do Rio um desabamento de um prédio antigo onde funcionava um velho hotel, chamado Hotel Linda do Rosário. Entre os escombros os bombeiros encontraram os corpos de dois velhinhos abraçados e um tempo depois ficou sabendo que eles foram namorados na juventude e por causa desses caminhos loucos da vida eles se separaram e só se reencontraram muitos anos depois, mas decidiram viver seu amor. Mas a família era contra esse relacionamento, então eles começaram a se encontrar escondidos nesse hotel. Um dia o prédio deu indícios de que iria desabar, então os empregados foram batendo de porta em porta para os clientes saírem. Porém há controvérsia na morte do casal. Uns acreditam que eles temiam ter sido descobertos e não quiseram sair, e outros acreditam que eles cansados de fugirem, decidiram morrer juntos, e ficaram até o fim como amantes. Essa segunda versão foi escolhida por Marcelo Camelo para escrever essa bela letra.
-Veja você, onde é que o barco foi desaguar
-A gente só queria um amor
-Deus parece às vezes se esquecer
-Ai, não fala isso, por favor
-Esse é só o começo do fim da nossa vida
-Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar
Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair
A história é o seguinte:
Em 25 de setembro de 2002 aconteceu no centro do Rio um desabamento de um prédio antigo onde funcionava um velho hotel, chamado Hotel Linda do Rosário. Entre os escombros os bombeiros encontraram os corpos de dois velhinhos abraçados e um tempo depois ficou sabendo que eles foram namorados na juventude e por causa desses caminhos loucos da vida eles se separaram e só se reencontraram muitos anos depois, mas decidiram viver seu amor. Mas a família era contra esse relacionamento, então eles começaram a se encontrar escondidos nesse hotel. Um dia o prédio deu indícios de que iria desabar, então os empregados foram batendo de porta em porta para os clientes saírem. Porém há controvérsia na morte do casal. Uns acreditam que eles temiam ter sido descobertos e não quiseram sair, e outros acreditam que eles cansados de fugirem, decidiram morrer juntos, e ficaram até o fim como amantes. Essa segunda versão foi escolhida por Marcelo Camelo para escrever essa bela letra.
-Veja você, onde é que o barco foi desaguar
-A gente só queria um amor
-Deus parece às vezes se esquecer
-Ai, não fala isso, por favor
-Esse é só o começo do fim da nossa vida
-Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar
Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair
segunda-feira, 26 de março de 2012
À Bunda - Fernanda Young

Esse texto foge um pouco do intuito e o objetivo desse blog de dá opiniões sobre diversas coisas com a música e mostrar poemas, frase, textos e pensamentos, de minha autoria e de grandes personalidades. Mas por considerá-lo bastante criativo, resolvi publicá-lo! Espero que gostem...
Olha, desta vez você passou das medidas. Só não boto você para fora, agora, porque é a sua cara dar escândalo.
Estou cheia de você atrás de mim o tempo todo. Fica se fazendo de fofa, enquanto, pelas minhas costas, chama a atenção de todo mundo para meus defeitos.
Você está redondamente enganada se pensa que eu vou me rebaixar ao seu nível – o que vem de baixo não me atinge. Mas faço questão de desancar essa sua pose empinada.
Por que nunca encara as coisas de frente?
Fica parecendo que tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber?
Você é, e sempre foi, um peso na minha existência – cada papel que me fez passar... Diz-se sensível e profunda, mas está sempre voltada para aquilo que já aconteceu. Tenho vergonha de apresentar você às pessoas, sabia?
Por que você nunca encara as coisas de frente, bunda? Fica parecendo que, no fundo, tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber? O que há por trás de todo esse silêncio?
Você diz que está dividida e que eu preciso ver os dois lados da questão. Ora, seja mais firme, deixe de balançar nas suas posições.
Longe de mim querer me meter na sua vida privada, mas a impressão que dá é que você não se enxerga. Porque está longe de ter nascido virada para a lua e costuma se comportar como se fosse o centro das atenções.
Bunda, você mora de fundos, num lugar abafado. Nunca sai para dar uma volta, nunca toma um sol, nunca respira um ar puro. Vive enfurnada, sem o mínimo contato com a natureza. O máximo que se permite é aparecer numa praia de vez em quando, toda branquela.
Não é de admirar que esteja sempre por baixo. Tentei levar você para fazer ginástica, querendo deixar você mais para cima, mas fingiu que não escutou.
Saiba que você não é mais aquela, diria até que anda meio caída. E vai ter que rebolar para mexer comigo, de novo, da maneira que mexia.
Lembro do tempo em que eu, desbundada, sonhava em ter um pouquinho mais de você. Agora, acho que o que temos já está de bom tamanho. E, pensando bem, é melhor pararmos por aqui antes que uma de nós acabe machucada.
Sei que qualquer coisinha deixa você balançada, então não vou expor suas duas faces em público. Mas fique sabendo que, se você aparecer, constrangendo-me diante de outras pessoas, levarei seu caso ao doutor Albuquerque*.
Lamento, isso dói mais em mim do que em você, mas você merece o chute que estou lhe dando. Duplamente decepcionada,
Olha, desta vez você passou das medidas. Só não boto você para fora, agora, porque é a sua cara dar escândalo.
Estou cheia de você atrás de mim o tempo todo. Fica se fazendo de fofa, enquanto, pelas minhas costas, chama a atenção de todo mundo para meus defeitos.
Você está redondamente enganada se pensa que eu vou me rebaixar ao seu nível – o que vem de baixo não me atinge. Mas faço questão de desancar essa sua pose empinada.
Por que nunca encara as coisas de frente?
Fica parecendo que tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber?
Você é, e sempre foi, um peso na minha existência – cada papel que me fez passar... Diz-se sensível e profunda, mas está sempre voltada para aquilo que já aconteceu. Tenho vergonha de apresentar você às pessoas, sabia?
Por que você nunca encara as coisas de frente, bunda? Fica parecendo que, no fundo, tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber? O que há por trás de todo esse silêncio?
Você diz que está dividida e que eu preciso ver os dois lados da questão. Ora, seja mais firme, deixe de balançar nas suas posições.
Longe de mim querer me meter na sua vida privada, mas a impressão que dá é que você não se enxerga. Porque está longe de ter nascido virada para a lua e costuma se comportar como se fosse o centro das atenções.
Bunda, você mora de fundos, num lugar abafado. Nunca sai para dar uma volta, nunca toma um sol, nunca respira um ar puro. Vive enfurnada, sem o mínimo contato com a natureza. O máximo que se permite é aparecer numa praia de vez em quando, toda branquela.
Não é de admirar que esteja sempre por baixo. Tentei levar você para fazer ginástica, querendo deixar você mais para cima, mas fingiu que não escutou.
Saiba que você não é mais aquela, diria até que anda meio caída. E vai ter que rebolar para mexer comigo, de novo, da maneira que mexia.
Lembro do tempo em que eu, desbundada, sonhava em ter um pouquinho mais de você. Agora, acho que o que temos já está de bom tamanho. E, pensando bem, é melhor pararmos por aqui antes que uma de nós acabe machucada.
Sei que qualquer coisinha deixa você balançada, então não vou expor suas duas faces em público. Mas fique sabendo que, se você aparecer, constrangendo-me diante de outras pessoas, levarei seu caso ao doutor Albuquerque*.
Lamento, isso dói mais em mim do que em você, mas você merece o chute que estou lhe dando. Duplamente decepcionada,
sábado, 24 de março de 2012
Ode à Hipocrisia - Vitória Vasconcelos

Como a hipocrisia fede e contagia como gripe no inverno
Me enoja os hipócritas com suas máscaras e aparências
Com sorrisos estampados, lutos fingidos e abraços fraternos São porcos sem senso crítico, personalidade e de fácil influência
Choram luto pela mortes de gênios pela repercussão na mídia
Lamentam suas mortes aparentando ser fã ou admirador
Gênios que nem sequer ouvira falar este ainda estavam em vida
Que nem tinha consciência da sua significância, obra e valor
Me enfurecem pela sua falsa aparência e poser de intelectual
"Vejam, sou fã de Clarice Lispector, The Beatles e C.F.A*"
"Como estou triste pelo morte de Chico Anysio, ele foi gênial"
Espero ansiosamente quando toda essa hipocrisia vai acabar...
sexta-feira, 23 de março de 2012
Um pouco de Oscar Wilde
quinta-feira, 22 de março de 2012
Madrugada - Vitória Vasconcelos
Sentada, meus olhos voltam para o céu da noite
À contemplar as nuvens e a infinita beleza do ceú
À contemplar as nuvens e a infinita beleza do ceú
Nos meus ouvidos, escuto Jeff Buckley, quão doce
A gotejar lentamente pingos dourados de mel
A gotejar lentamente pingos dourados de mel
O ceú, brinca na imensidão, de desenhar com a nuvem
Sugiro que ali é um monstro, pronto para me devorar
Logo se perde e some, novas massas de algodão surgem
Logo se perde e some, novas massas de algodão surgem
A madrugada, devagar no ceú, começa a derramar.
Um frio noturno dança a agitar o verde da natureza
Um frio noturno dança a agitar o verde da natureza
A cadeira de balanço cessa de mover-se, estática
Deleito desse último momento e observo sua beleza
Viajo na minha imaginação, coisa pouca rara
Lucy no ceú com diamantes a brincar nas estrelas
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Entrelinhas - Vitória Vasconcelos

Olhos sonolentos para se fecharem
Diminutivos para não ofender
Anjos para acalentar-te ao dormir
Seis da matina para cochilar mais um pouco
Virgúlas para enfeitar-te as frases
Virgúlas para enfeitar-te as frases
Madrugadas para a insônia bailar
Caio Fernando Abreu para posarem de intelectual
Cafeína para deixar-te vivo
Mesas de centro para machucares os dedos dos pés
Livros para os analfabetos
Músicas para surdos
Sessões da Tarde para desempregados
Fome para devorar
Guarda-chuva para molhares os pés
Matemática para distribuir dores de cabeça
Televisão para alienados
Loucura para gênios
Overdoses de certezas...
Overdoses de certezas...
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Catedral - Vitória Vasconcelos
No interior das paredes cinzentas da velha catedral
Velhas beatas rezam fervorosamente o rosário
Uma criança feliz põe na caixinha uma moeda de 1 real
O silêncio abriga-se na paz dentro do santuário
Um idoso tristonho, ajoelhado reza arrependido
As lágrimas vertem e deslizam no seu rosto marcado
Um cão magro fica por baixo dos bancos, escondido
Os mendigos dormem nas escadarias deitados
O padre vaga lentamente contemplando a via-sacra
Os passantes rápidos molham os dedos na água benta
Os vitrais torna a catedral ainda mais mística e sagrada
E as estátuas dos anjos sublimes mostram-se sonolentas
Chicletes nos bancos discretamente lá colocados
Belos cantos gregorianos elevam almas às alturas
Santos presos nas paredes, senhores prostados
O aconchego e a paz conquista as pequenas criaturas
Os pombos na torre, sobrevoam e pousam humildes
O sol, pobre pecador, indigno entra um pouco adentro
Suave, entra pacificamente nas pontas dos pés, o vento
Ao encontro de Jesus na cruz, humilhado e triste
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Cotidiano - Vitória Vasconcelos

Ratos invadem e infestam as ruas da cidade
Jovens crianças amamentam seus desnutridos bebês
Vejam! Os adolecentes idosos e velhos jovens!
Olhai! A televisão devora faminta a mente das crianças
Olhai! A televisão devora faminta a mente das crianças
Nas calçadas, esparramados mendigos rastafáris
Mostram seus olhos possuídos pelo medo e a fome
Executivos engravatados despreocupados em seus prédios
Lágrimas velozes correm pela face de uma anciã
Nos hospitais, pessoas nascem, agonizam e morrem
A saúde se esvai nas sessões semanais de hemodiálise
Meninos fogem pelo muro da escola ao encontro do mundo
Freiras escondidas e pálidas rezam com devoção nos claustros
Uma menina sorridente caminha com um bigode de sorvete
Gente se esbarram, se tocam
Choram, gritam...
Despedem e reencontram
Eis o cotidiano...
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Viagem - Vitória Vasconcelos

Cruzes de madeira fincadas na beira da estrada
Gotas de água da chuva decoram a janela
Pequenos cemitérios se apresentam durante a jornada
A neblina fria coroam sublimes o pico das serras.
A chegada ao destino é motivo de grande ansiedade
Mas, o caminho é longo e o objetivo bem distante
As nuvens se abraçam e formam desenhos berrantes
E se apagam lentamente quase no próximo instante
Casas pequenas e dispersas, idosas nas portas
Um velho senhor caminha lento com chapéu na mão
O ônibus prossegue por uma estrada bem torta
A vegetação seca dá um ar mais triste ao sertão.
O frio nos alcança e o tédio me beija na calada
Moças "castas" conversam cinicas assuntos picantes
Bebâdos extrovertidos em conjunto se exaltam
Meu único desejo é ir embora dessa viagem tediante.
sábado, 21 de janeiro de 2012
Autoretrato - Vitória Vasconcelos
Eu sou aquela que adora o simples, admiro a simplicidade da coisas pequenissimamente gigantes.
Gosto de observar o céu com os meus olhos perdidos, gosto de rir das coisas que um dia me fez "quase" chorar. Não gosto de chorar, amo as gargalhadas. Amo o silêncio, contemplar o silêncio
Mas, também adoro a baderna, a bagunça em certas ocasiões. Detesto hipocrisia e a falta de humildade. Gosto de andar na bicicleta sem rumo definido á beira de uma paisagem tão bela e oculta da natureza com os meus cabelos castalhos penteados pelo vento. Amo chuva, de dormir durante a sinfonia de gotas d'águas no meu telhado escutando minhas canções prediletas. Adoro os Beatles, Mutantes e Raul Seixas. Eu sou aquela que tem uma alma tímida, me torno extrovertida numa simples dose de café. Sou viciada em café. Sou exagerada, adoro o exagero. Amo tocar meu violão ou minha guitarra, principalmente nos momentos que estou triste ou entediada. Só toco teclado aos meio-dias de todo dia. Sou míope, sou dependente dos meus óculos. Faço minhas poesias quando estou embriagada do tédio. Amo ler livros. Sou péssima na cozinha ou em qualquer trabalho doméstico.
Gosto de história e recentemente, de teatro. Sou frágil físicamente e emocionalmente. Detesto matématica. Gosto de observar idosas, freiras e bebâdos. Detesto hospitais e consultas médicas. Amo desenhar personalidades. Sinto culpa quando esqueço a hora de dormir e de repente, vem o amanhecer. Detesto Coca-Cola. Sou sedentária e amo sal. Tenho um só rim. Sou dedicada no que gosto de fazer. Sou cruel quando sou obrigada a fazer coisas que não gosto. Não gosto de receber ordem. Amo a liberdade. Não curto pscicológos. Gosto de observar. Sou apenas uma adolescente mini-burguesa cheia de manias.
Enfim, isso não chega a metade das milhões de caractéristicas da minha personalidade. É impossível que uma mente humana normal, venha a me entender. E recomendo que nem tente me compreender: Decifrar-me ou devoro-te!
domingo, 8 de janeiro de 2012
Solitária - Vitoria Vasconcelos

Sozinha em casa e a minha mente vazia...
À espera de novidades, sorrisos e olhares
O tédio me tortura juntamente com a monotonia
Me acorrenta na escuridão e na triste obscuridade
Minha boca sedenta de palavras só balbucia
Onomatopéias sem sentido e a fome devora
Enjoada das pessoas e até de minhas músicas
Procuro incessantemente a tão sonhada melhora
Não existe nenhuma atração que me cative
Cansei dos livros, do violão e dos desenhos
Cansada também da minha terrível rotina
Que machuca e causa no interior, sofrimento.
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